Neste artigo eu vou te contar como transformei meu tear de 2 quadros de liços em um de 4 quadros.
Em 1995 (em fevereiro) fiz um curso básico de tecelagem, em tear de pente liço. Passei anos desvendando as infinitas possibilidades des tipo de tear.
Mas meu sonho sempre foi ter um tear grande, largo e de pedal. Fiz um empréstimo e realizei este sonho. Contudo, só pude comprar um tear com 2 quadros de liços.
Os liços originais eram de metal e com “olhos” abertos.
Trabalhei muito nele assim mesmo, só com 2 quadros.
Mas eu queria mais e sentia que meu tear podia me dar
Queria tecer seguindo um gráfico de tecelagem.
Voltei às pesquisas e, observando o funcionamento de teares peruanos, foquei meus estudos no funcionamento das hastes de liços.
Escrevi um artigo sobre hastes de liços em tear de pente liço. Você pode lê-lo clicando aqui.
Com auxílio de hastes de liços, teci um cobertor, no tamanho king, para minha cama. Deu o maior trabalhão, mas valeu a pena. Eu consegui tecer seguindo um gráfico de padronagem e o cobertor ficou lindo!
Mas admito que usar as hastes de liços não era a opção mais viável: era demorado e causava dores nos ombros e braços. Voltei ao processo de pesquisas e observações.
Sabendo como é o funcionamento básico de um tear, somando o que pude aprender com as observações que fiz, consegui alterar meu tear de 2 para 4 quadros de liços.
O processo de transformação do tear
Retirei os 2 quadros com liços de metal, originais do tear. Não seria possível duplicá-los. Diante desta certeza, voltei às pesquisas e estudos de material disponível na Internet. Encontrei muita informação e consegui “fabricar” liços de linha esterlina.
Desmontei algumas partes do tear (pedais e suporte de quadros de liços) e levei até uma marcenaria. Encomendei mais 2 de cada uma das peças que levei e também encomendei 8 ripas de madeira como suporte para os novos quadros de liços.
Fiz liços de linha esterlina, em número suficiente para preencher os novos 4 quadros.
Fiz liços de linha. Amarrei um por um usando um gabarito: pregos em um pedaço de madeira. Entretanto, esses liços de linha, quando eram esticados, ficavam estreitos, dificultando a passagem dos fios de urdume.
Colocar urdume, mesmo que com poucos fios, passou a levar muito tempo e, essa demora, provocava fortes dores em minha coluna.
Impossível trabalhar com dores na coluna.
Decidi mudar todos os liços do tear.
Fui a uma loja de ferragens e comprei argolinhas de metal. Desta vez, usei linha Cléa de cores diferentes. Assim, cada quadro de liços passou a ter uma cor diferente
Usar cores diferentes deu muito certo: além de dar um colorido todo especial, facilitou para que eu pudesse desenvolver um método de controle, na hora da enfiação dos fios de urdume.
O sistema de controle de enfiação de fios de urdume que se mostrou mais eficiente, foi transcrever a ordem sequencial dos fios de urdume do padrão escolhido, para uma tira de papel quadriculado. Emendei várias tiras de papel e marquei a sequência total dos fios de urdume (nada de ficar repetindo a sequência, seguindo um gráfico reduzido).
Como cada quadro tem uma cor diferente, usei lápis de cor para colorir os quadradinhos na tira de papel quadriculado. O quadro um é amarelo, o dois, azul; o terceiro é vermelho e o quarto quadro é verde. Conforme ia passando o fio pelo liço indicado, riscava aquele quadradinho.
Com esse sistema, parar o trabalho para atender o telefone deixou de ser um problema. Deixou de ser um medo de errar a sequência de enfiação dos fios de urdume.
As fotos acima são da primeira metade de um cobertor de casal que está sendo tecido em “overshot”, com fio artesanal de lã de carneiro que eu mesma torci em minha roca.
Se você gostou do motivo em “overshot”, visite o perfil do Atelier Isatramas no Pinterest, temos uma pasta cheinha de gráficos em “overshot”.
Em nossa loja temos apenas cursos de tecelagem em tear de pente liço, mas a procura por cursos para tear de pedal tem aumentado. Em breve teremos novos lançamentos. Tudo para auxiliar você na arte da tecelagem manual.
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